A Universidade de Leiden enquanto parceira do INOV Contacto - conversa entre a Maria Luís Ribeiro, C24, e o Prof. Pedro Russo, coordenador do “Astronomy & Society Group”

Considerado um dos mais importantes comunicadores de ciência a nível europeu, Pedro Russo é professor na Universidade de Leiden e coordenador do “Astronomy & Society Group”.

Vamos conhecer alguns fragmentos da sua conversa com a Maria Luís Ribeiro, C24 e estagiária na Universidade de Leiden, nos Países Baixos.

Qual o motivo que levou a Universidade de Leiden a ser uma entidade de acolhimento parceira do INOV Contacto?

O trabalho na Universidade é um trabalho bastante transdisciplinar e sempre procurámos trazer pessoas com outras visões e formas de trabalhar para os projetos que fazemos. Trabalhamos na área da Ciência e Sociedade que vai, não só desde a comunicação à educação formal e não formal, mas também tem muitos aspetos de trabalho direto com a comunidade, marketing, gestão de projetos, desenvolvimento de negócio,... e sempre procurámos trazer pessoas para o grupo que pudessem contribuir para estas áreas. O INOV Contacto é um programa interessante por podermos dar aos recém formados a oportunidade de trabalharem num ambiente académico e desenvolver áreas em que muitos deles trabalharam ou estão interessados em trabalhar.

Acabamos por pedir estagiários em áreas em que é difícil encontrar pessoas com esse exato perfil. Como não temos uma entrevista de emprego, quando a pessoa vem, tem que haver um ajustamento entre aquilo de que precisamos e o que ela gostaria de fazer. É importante garantir que os estagiários desenvolvem connosco algumas aptidões, capacidades específicas, que de outra forma não trabalhariam. Acho que nunca houve um "encaixe" perfeito e os ajustes necessários acabam por ser, interessante para todos.

Quais as características que gostaria de encontrar num estagiário que se vai juntar à sua equipa?

Depende muito dos projetos que temos na altura. Precisamos sempre de pessoas ligadas à área da comunicação, não da comunicação de ciência, mas da comunicação pura e dura, quase do marketing.

Recorda-se de algum projeto de um estagiário em particular?

Todos os estagiários tiveram um papel importante. Uma grande vantagem de termos estagiários é podermos experimentar mais coisas, podermos tentar desenvolver projetos que possamos testar, ver  até onde funcionam Lembro-me de um estagiário com um projeto sobre Corporate Social Responsability, Responsabilidade Social das Empresas. Tentava ver como os nossos projetos poderiam encaixar neste tipo de financiamento. Fez um estudo de mercado que levou a uma ideia de projeto, que foi aprovado e iniciado quase a 100% pelo estagiário. Depois, foi financiado pela universidade. É é um bom exemplo de um projeto iniciado por um estagiário e que teve um impacto grande dentro do nosso grupo e até da universidade.

Pessoas que deixam uma marca na organização.

Os estagiários acabam sempre por ter impacto. Além disso, todos os colegas que trabalham com os estagiários do INOV Contacto têm tido uma experiência muito boa a nível de espírito de colaboração, partilha, aprendizagem, camaradagem.

Os estagiários habitualmente trabalham na área da comunicação?

Nem sempre. Temos um departamento de Ciência e Sociedade que tem uma relação muito próxima com a Comunicação de Ciência e, muitas vezes, nós vimos da Comunicação de Ciência (somos cientistas puros e duros) por isso, há sempre vantagens de trazer pessoas da área da comunicação, marketing, ou gestão de projetos. Trazem novas abordagens, novas maneiras de comunicar e divulgar o conteúdos.

Em que outras áreas o estagiário pode ser uma mais valia para a organização?

Relações internacionais, diplomáticas (sobretudo no caso dos países em desenvolvimento), engenharia, arte, design, história de arte. Temos um leque muito variado de projetos, por isso, é fácil encaixar um estagiário de uma área mais específica.