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Algumas vantagens de estagiar e viver fora da Europa

Neste artigo a Mafalda Passos, licenciada em Economia e estagiária da 23ª edição do inov contacto (2019), refere as aprendizagens que os 6 meses no Camboja lhe proporcionaram. Tanto sobre este país, culturalmente tão diferente, como sobre si própria.
Algumas vantagens de estagiar e viver fora da Europa

Mafalda Passos | C23 | 2019 | Last2Ticket | Phnom Penh, Camboja

Sair de um contexto familiar leva a inúmeras (e cruciais) aprendizagens. A mais óbvia e imediata é a aprendizagem sobre o mundo externo. A curiosidade sobre o desconhecido e diferente é, regra geral, a principal razão que leva alguém a aventurar-se para um contexto não familiar.

Felizmente, vivemos numa época em que qualquer informação está disponível no imediato e apenas à distância de um clique. Claro que antes de vir, li sobre o país e o seu povo. Pesquisei sobre a demografia, geografia e a história do país. Estudei o que marcou o país no passado e o que o caracteriza no presente. No entanto, nada se iguala a viver esta realidade na primeira pessoa.

Ao vir para o Camboja, não só tive a oportunidade aprender como o povo Khmer vive mas, principalmente, tive de adaptar a minha maneira de viver à nova realidade em que estava inserida. Rapidamente tive de adotar novos hábitos diários como beber a quantidade de água suficiente para não desidratar e usar repelente regularmente por razões de saúde. Da mesma forma, adaptei a minha alimentação e deslocações pela cidade. Sendo um país mais pobre e com um nível de desenvolvimento diferente dos países europeus, há riscos que requerem outro tipo de cuidados.

No Camboja, mesmo estando a viver na capital, deparei-me com situações que nunca tinha imaginado: durante os meses mais secos e quentes, o governo corta a eletricidade durante seis horas, seis dias da semana, por não ter meios para produzir energia suficiente para toda a gente no país. Da mesma forma, nunca imaginei que numa capital em grande expansão tivesse que andar na rua mesmo ao lado dos veículos, pelo facto de não existirem passeios ou estes estarem ocupados por carros, motas ou detritos.

Ser confrontada com uma nova realidade permitiu-me refletir sobre a realidade que me é familiar, valorizar certos aspetos que anteriormente daria como garantidos e imaginar possíveis melhorias noutros.

Também no trabalho tive de me adaptar adaptar a um novo contexto. Os problemas e desafios empresariais são diferentes daqueles que uma empresa enfrenta na Europa e, consequentemente requerem soluções igualmente diferentes. No entanto, o conhecimento que adquirimos sobre um novo contexto e a nossa capacidade de adaptação ao mesmo não são as únicas aprendizagens que viver numa cultura diferente permite.

Igualmente importante, se não mais, é o que este novo contexto nos permite descobrir sobre nós próprios. Ao ser confrontada com circunstâncias diferentes e/ou desconhecidas, descobri mais sobre a minha maneira de ser, as minhas preferências, limites, necessidades e preconceitos. Descobri certas características sobre a minha maneira de agir de que nunca me tinha apercebido e surpreendi-me com atitudes em situações que nunca tinha imaginado.

Sair da zona de conforto e criar uma vida num contexto diferente daquele que nos é familiar permite alargar horizontes, adquirir conhecimento, desenvolver o espírito crítico e conhecer melhor quem somos.

Wat Langka: um templo budista a 2 minutos a pé do escritório. Foto cedida por Mafalda Passos