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"Não era um filme. Trabalhei 24 horas no dia 11, no dia 12 de manhã ainda lá estava". A Ana Damásio, C3, conta-nos a sua oportunidade de cobrir o ataque às Torres Gémeas

A Ana Damásio, inov contacto C3, conta-nos a sua oportunidade de cobrir o ataque às Torres Gémeas.
"Não era um filme. Trabalhei 24 horas no dia 11, no dia 12 de manhã ainda lá estava". A Ana Damásio, C3, conta-nos a sua oportunidade de cobrir o ataque às Torres Gémeas

Ana Damásio | C3 | CNN, Grupo Turner | Atlanta, EUA

A minha participação no INOV Contacto marcou a minha vida em todos os aspetos. Em termos pessoais, tive a oportunidade de ir para outro continente, outro país, outra cultura, sair mesmo da zona de conforto, pois embora [os EUA] se trate de um país ocidental, confrontei-me com uma maneira de fazer as coisas no dia a dia diferentes das nossas.

Tive a 'sorte' de estar nos EUA a 11 de Setembro de 2001, a realizar o meu estágio em jornalismo na CNN. Eu, uma estagiária vinda da Universidade Nova, estava no olho do furacão desse acontecimento. Ainda que eu estivesse em Atlanta, foram tempos de grande incerteza. Em Atlanta havia edifícios muito importantes, como Centro Mundial de Controlo de Epidemias onde as armas biológicas estão guardadas, a Coca Cola que podia ser um alvo a abater, a própria CNN… tudo símbolos norte-americanos, aliás a própria CNN foi evacuada de ‘pessoal não essencial’… e para mim foi uma experiência inimaginável, que não é sequer replicável.

Mas, lembro-me que nesse dia, há uma altura em que eu estou na Food Court, onde as pessoas vão muitas vezes buscar café, entre o embate do primeiro avião e o segundo avião e vejo no ecrã gigante isso a acontecer, em direto. Não conseguia ouvir o som da televisão porque aquilo era um sítio gigante onde havia imensos cafés de diferentes marcas e imensa gente ia lá beber café, portanto quando vi aquilo pensei: “Estes filmes americanos”, aquilo parecia um filme!

Mas dois minutos depois percebi que não era um filme. Quando passei a minha identificação pelo sistema de segurança, os seguranças estavam muito alterados. Cheguei à sala da edição do meu programa e percebi que aquilo que tinha visto não se tratava de um filme. A partir daí foi uma adrenalina inacreditável: trabalhei 24 horas no primeiro dia, no outro de manhã eu ainda lá estava, e só não trabalhei mais porque o editor subiu as escadas rolantes e viu-me a passar:

"Ana, tu ainda não foste a casa? (ele deve ter reparado pela minha cara, ou então viu que tinha a mesma roupa do dia anterior). Vai-te embora já! Só apareces aqui depois de teres dormido e teres mudado de roupa".

E eu assim fiz.