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O papel do agente de viagens no turismo - uma indústria cada vez mais dominada pelo online

A Inês Sá fez o estágio inov contacto na J Barter Travel em Cork, Irlanda, durante a 23ª edição. Neste artigo entrevista a Katarina Trnikova, com quem colaborou.
O papel do agente de viagens no turismo - uma indústria cada vez mais dominada pelo online
 Inês Sá, Brian Corrigan, Ellen Farley, Katarina Trnikova e Margaret Urbanowicz .

Inês Sá | C23 | 2017/2018| J Barter Travel | Cork, Irlanda

Katarina Trnikova é eslovaca e mudou-se para a Irlanda em 2006. Estudou Marketing, Inglês e Turismo. É Agente de Viagens na J Barter Travel desde 2015. Nesta entrevista, fala-nos do papel do Agente de Viagens numa indústria cada vez mais marcada pelo online, como é a indústria do turismo.

Como foi que decidiu tornar-se numa Agente de Viagens?
Viajar faz parte de mim desde criança. Sempre viajei com os meus pais e a minha irmã e continuo a fazê-lo. Adoro explorar novos locais, aprender novas culturas, conhecer pessoas novas e experimentar pratos diferentes. Sinto que viajar me torna uma pessoa melhor e, para além disso, tenho a oportunidade de partilhar a minha experiência com outras pessoas.

Há quanto tempo está na indústria?
Estou na indústria há 4 anos.

O que mudou desde que começou a trabalhar nesta área?
Quando comecei não tinha experiência suficiente. O turismo é uma indústria extremamente rápida e as tendências estão em constante mudança. A aprendizagem é contínua e hoje em dia tenho muito mais facilidade em perceber as necessidades do cliente e criar um pacote adaptado a essas necessidades.

Como descreveria o seu cliente tipo?
Não existe um cliente tipo. Cada cliente deve ser tratado como um individuo, ainda que a abordagem possa ser a mesma. Qualquer pessoa pode significar uma venda para a empresa, por isso temos sempre de considerar a idade, o orçamento, a experiência de viagem e as expectativas quando estamos a lidar com uma nova reserva.

Quais os produtos que se têm mostrado mais atraentes?
Os cruzeiros têm ganho muita popularidade. Têm uma boa relação qualidade/preço porque tanto o alojamento como a alimentação estão incluídos, e permitem aos passageiros visitar vários destinos diferentes num curto espaço de tempo. Outro produto com alta procura são as viagens de longa distância. Se pensarmos que em 5 milhões de irlandeses, pelo menos 2 milhões vão para fora por  ano, percebemos que estamos a lidar com um povo muito viajado, pelo que é natural que procurem destinos diferentes.

Quais são as principais vantagens de reservar com uma Agência de Viagens?
A principal vantagem é a segurança. Saber que a pessoa "do outro lado" tem os contactos, a experiência e o conhecimento necessários para encontrar a melhor oferta. Isso e saber que o nosso dinheiro está em boas mãos, claro.

Considera que o papel do Agente de Viagens poderá desaparecer num futuro próximo?
Penso que não. Nos países desenvolvidos, onde o acesso à internet e à tecnologia estão mais disseminados, poderá haver uma grande quebra. Mas a popularidade do online também pode levar ao aparecimento de mais esquemas e mais fraudes. Há clientes que vão sempre privilegiar a segurança e a qualidade acima do preço, por isso não acho que o papel do agente de viagens esteja em risco. Para além disso, hoje em dia muitos fornecedores online recorrem a agentes de viagens para a criação de roteiros e itinerários, o que prova que o online e o tradicional podem coexistir e ajudar-se mutuamente.

Como vê a indústria do turismo a evoluir nos próximos anos?
É difícil de prever porque cada país tem características diferentes e segue a sua própria legislação. Estamos a viver numa era muito curiosa, porque nunca foi tão fácil e barato viajar mas, ao mesmo tempo, as pessoas estão cada vez mais conscientes do impacto do turismo de massas. Muitos países já começaram a limitar o acesso a certos locais e penso que é uma medida que vamos continuar a ver daqui para a frente. Mas o turismo continua a ser uma grande fonte de rendimento. Tem um papel enorme na economia e na educação dos povos e não me parece que essa realidade venha a mudar nas próximas décadas.

Imagem de destaque: cedida por Katarina Trnikova.