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"Ter ideias é importante mas não basta. É preciso ter capacidade e vontade de querer continuar, sabendo que fazer uma empresa é uma espécie de maratona com muitos sprints pelo meio": Ricardo Marvão, C7, no episódio 2 da série “Únicos”.

Ricardo Marvão foi o entrevistado da série especial “Únicos” do The Next Big Idea. Falou da origem e crescimento da Beta i, a startup da qual foi um dos fundadores e que é hoje uma empresa parceira do inov contacto.
"Ter ideias é importante mas não basta. É preciso ter capacidade e vontade de querer continuar, sabendo que fazer uma empresa é uma espécie de maratona com muitos sprints pelo meio": Ricardo Marvão, C7, no episódio 2 da série “Únicos”.

Ricardo Marvão foi o entrevistado desta semana da série especial “Únicos” do The Next Big Idea, um projeto de informação realizado em parceria com a Google e a Shilling, que tem por missão democratizar o acesso à história e à estratégia das startups portuguesas que se tornaram empresas globais na última década.

Há mais de 10 anos, um grupo de pessoas que não se conhecia juntou-se em torno de uma ideia: lançar em Portugal uma aceleradora que ajudasse as startups a fazer crescer os seus projetos. Nasceu a Beta-i e Ricardo Marvão foi um dos fundadores.

A Beta i tem, ela própria, uma história igual à de tantas startups: uma boa ideia, uma boa equipa, num mercado promissor. Mas faltava dinheiro para arrancar. A este nível, Ricardo recorda que precisavam de 500 mil euros para fazer o que se propunham e em vários meses não havia mais que cinco mil euros na conta da organização.

É por isso que diz, com alguma propriedade, que o dinheiro não o assusta. “Há um filme do Danny de Vito que se chama OPM e o OPM é Other People’s Money. Ou seja, há dinheiro no mundo, é preciso é convencer quem o tem do valor do projeto que se quer desenvolver”.

No caso da Beta i, depois de um primeiro ano em que se estima ter realizado mais de mil reuniões, o OPM apareceu, como acredita que acontece quando as ideias são boas e não se desiste.

Mais de uma década depois, Ricardo observa: “eu dizia sempre: vai demorar 10 anos a montar um ecossistema, mas vamos lá chegar." Hoje Portugal tem já sete startups que valem mais de 1000 milhões de dólares e existem incubadoras e aceleradoras por todo o país.

Mas, em 2010, a história era outra. Ter ideias é importante mas não basta. É preciso ter capacidade e vontade de querer continuar, sabendo que fazer uma empresa é uma espécie de maratona com muitos sprints pelo meio de elevado potencial e, durante um curto período de tempo, não mais de seis meses, fazem um processo de imersão que visa, como o nome indica, acelerar o negócio, desde o desenvolvimento do primeiro produto (MVP, Minimum Viable Product) à abordagem ao mercado.

Um dos contactos que Ricardo Marvão fez foi com a Seedcamp, sediada em Londres e que acabou por ter um papel decisivo ao referir que havia outro português com a mesma ideia. “E eu perguntei: quem é? É quando me enviam um email a dizer que era o Pedro Rocha Vieira”.

Ricardo e Pedro não se conheciam, mas entenderam-se desde a primeira conversa e trabalham em conjunto desde esse primeiro dia. O caminho que tinham pela frente, num país que então atravessava uma profunda crise económica, foi tudo menos fácil. “A Beta i sofreu imenso, houve momentos em que não havia dinheiro. Em 2013, quando começámos a procurar financiamento, precisávamos de meio milhão de euros e tínhamos cinco mil euros na conta. Isto foi a Beta i durante vários anos”.

Deste período, e das muitas startups que já acompanhou, Ricardo Marvão tirou algumas conclusões sobre a forma de olhar para as dificuldades de fazer uma empresa ou um projeto do zero. “Nós acreditávamos imenso no que estávamos a fazer e quando é assim não se desiste, nem à primeira nem à décima quinta vez”, lembra. “Montar uma startup não é fácil, montar um negócio não é fácil”.

Ter ideias é importante mas não basta. É preciso ter capacidade e vontade de querer continuar, sabendo que fazer uma empresa é uma espécie de maratona com muitos sprints pelo meio.

Razão pela qual Ricardo Marvão aprendeu a dar valor a cinco premissas: “Dormir bem, comer de forma saudável e fazer desporto - estas são básicas. As outras duas são fazer coisas que se adora e estar rodeado das pessoas que se ama. Das cinco, se fizermos quatro, estamos ok, se for só três, há qualquer coisa que está mal e vai resvalar”.

Vê o episódio completo: