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Um estágio em Medicina Veterinária em Macau: desafios e aprendizagens

Em Macau, a Green Cross Veterinary Hospital, foi a primeira empresa da área veterinária a participar no programa inov contacto e em 2019 recebeu a médica veterinária Ana Lemos
Um estágio em Medicina Veterinária em Macau: desafios e aprendizagens

Ana Lemos | Ed. 23 | 2019 | Green Cross Veterinary Hospital | Macau, China

A atividade médico-veterinária é exercida em diferentes contextos profissionais, com diferentes áreas de ação, sendo a sua adaptação impreterivelmente diferente de país para país e ainda de forma mais notável entre Continentes.

Em Macau, a Green Cross Veterinary Hospital, foi a primeira empresa da área veterinária a participar no programa inov contacto, inserida na área clínica de pequenos animais e animais exóticos.

Um dos primeiros desafios a surgir, logo à chegada, foi a questão linguística, dado o mandarim e o cantonês serem as línguas mais utilizadas pelos proprietários dos animais. A situação mais comum é cair na tentativa de fazer uma boa anamnese (conjunto de questões colocadas ao tutor do animal, de forma a perceber a história clínica do mesmo) e não receber qualquer reação ou resposta. No entanto, isso não é impossível, graças a ferramentas de tradução online ou através dos auxiliares com várias valências linguísticas.

A aprendizagem do cantonês foi feita ao longo do tempo, através da exposição e pela interação com os locais, arriscando-me, por vezes, a incluir palavras num discurso em inglês. O português, como é sabido, continua a ser influente em Macau. Além de ser a língua maioritariamente utilizada com colegas de trabalho, é também vulgarmente falada por diversos proprietários, tanto portugueses como macaenses.

O nível de vida macaense influencia significativamente o investimento feito nos animais de companhia, aumentando a procura por soluções de maior avanço tecnológico e  sucesso terapêutico. Equipamentos como a tomografia computorizada, cirurgia a laser, laparoscopia/endoscopia, radiografia digital, ultrassonografia, eletrocardiografia, análises clínicas, fazem parte da prática clínica diária deste hospital. Terapias inovadoras com utilização de células estaminais ou protocolos de quimioterapia são vulgarmente requisitados e aplicados na prática clínica deste hospital.

Paralelamente a esta experiência profissional, não posso deixar de destacar a experiência única que é viver em Macau. A população, o clima e a gastronomia, são os três principais fatores que caracterizam este território.

Ana Lemos em Macau

Uma população com culturas, religiões e costumes diferentes, o que requereu alguma adaptação, nomeadamente na aceitação de comportamentos completamente reprováveis na nossa sociedade que aqui são comuns; um clima com humidade extremamente elevada e uma mistura de sabores de várias origens do continente asiático. A casuística encontrada durante este estágio é enorme e diversificada, tanto na área de pequenos animais, como nos animais exóticos. A interação com novas espécies como, por exemplo, ouriços-cacheiros, chinchilas, coelhos e tartarugas, permitiu expandir conhecimentos sobre as particularidades de cada uma.

Neste hospital veterinário fui recebida por uma excelente equipa de diferentes origens, constituída por 6 médicos veterinários de nacionalidade portuguesa e malaia e por auxiliares de várias nacionalidades, nomeadamente, chinesa, filipina, birmanesa e macaense.

Ana Lemos nas instalações da Cruz Verde, em Macau, com vários colegas de trabalho.

Esta experiência permitiu-me dar o salto para uma carreira profissional internacional, num contexto cultural completamente diferente mas, simultaneamente, sentindo-me “em casa” graças à incrível equipa que me acolheu, ao restante grupo inov contacto e, obviamente, às raízes portugueses presentes em Macau.