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Viver em Helsínquia - a serenidade responsável

"Aprendi a valorizar o espaço pessoal que os finlandeses tanto estimam". São as palavras que a Rita Ribeiro, estagiária da 23ª edição do inov contacto (2019) na Universidade de Helsínquia, usa para caracterizar a sua experiência naquela cidade.
Viver em Helsínquia - a serenidade responsável

Rita Ribeiro | C23 | University of Helsinki | Helsínquia, Finlândia

É certo que o clima não inspira à visita, nem a escuridão de inverno deixa espaço para a curiosidade; mas o verão também cá chega. E não há quem o saiba aproveitar melhor do que os finlandeses. Pessoas pragmáticas que dispensam conversas de circunstância e usufruem de parques e florestas como mais ninguém, sejam espaços privados ou não, porque a natureza é um ”everyman’s right”.

Aprendi em Helsínquia a palavra “siso”, que sem tradução precisa, remete para o sentido de determinação, resiliência e coragem. Virtudes que definem quem aproveita os escassos dias de sol e não se lamenta do frio no resto do ano. Admiro esta atitude perante a vida, que é incutida desde cedo aos mais novos e faz com que estes sejam mais independentes e ativos. É certo que isto não advém exclusivamente da atitude das famílias, mas também da segurança que Helsínquia transmite a vários níveis. A criminalidade é praticamente inexistente e a igualdade de género é evidente.

Aprendi a valorizar o espaço pessoal que os finlandeses tanto estimam. Percebi que vem do respeito pelo outro, mais do que da necessidade de distanciamento. Por norma, não há aqui quem tome a iniciativa numa conversa com quem não conhece, pelo mesmo motivo: não querer incomodar.

Viver na Finlândia é muito bom. É viver sem grandes preocupações com os problemas que correm no mundo, mas com responsabilidade.

É um país que reflete preocupações ecológicas e que sabe, desde há muito, implementar medidas sustentáveis como a reciclagem, potenciar a utilização de bicicletas como meio de transporte, e ensinar o respeito pela natureza.

É um país onde as pessoas confiam nas políticas e nos serviços, simplesmente porque funcionam. É um país que não promove o estilo de vida consumista e sim os prazeres simples, como nadar num dos seus 1000 lagos, ou apanhar cogumelos e frutos silvestres. O sistema funciona, sim, mas essencialmente porque a mentalidade de cumprir, ser honesto, respeitar o próximo e não tentar ganhar vantagem está incutido na população. E é sem dúvida este último ponto o que mais admiro na Finlândia – as pessoas.

E é aqui que Portugal pode aprender um pouco com a Finlândia – uma alteração de atitude coletiva que pode ter um forte impacto no dia a dia de trabalho ou mesmo dos tempos de lazer. E à Finlândia.. faltará sempre o nosso calor português, as nossas mesas cheias nos almoços de domingo, as nossas casas barulhentas cheias de risos.

Porque por muito bom que seja viver na Finlândia...

...não há casa como a nossa.