O setor dos vídeojogos na China

O mundo dos vídeojogos é algo que todos conhecemos desde pequenos. Todos nos sentámos à frente da televisão para jogar Super Mario na Nintendo 64 ou Pokémon Amarelo no Gameboy.
Nos dias de hoje, as pessoas “colam-se” ao computador para jogarem League of Legends, Minecraft ou Fortnite.
Com o avanço das tecnologias também os jogos sofreram uma evolução. Melhores gráficos, novas mecânicas, mais competição. Para além da competitividade entre jogadores, cresceu a competitividade entre países e empresas que desenvolvem e publicam videojogos.
Mercado dos videojogos
Segundo a Newzoo, em 2018 a China obteve 39.7 MM$ (Milhares de milhões) em receita. Do total da receita, estima-se que foram gerados 24 MM$ apenas em jogos mobile, um grande aumento face aos 15 MM$ de 2017. Assim, a China manteve o primeiro lugar, seguida pelos Estados Unidos da América e o Japão, que obtiveram uma receita de 30.4 MM$ e 19.2 MM$, respetivamente.
Entre uma população com aproximadamente 1.3 MM de pessoas, a China teve 600 milhões de jogadores ativos. Em termos absolutos corresponde a quase metade da sua população. E este valor toma outras proporções se tivermos em conta que corresponde quase ao dobro da população total dos Estados Unidos.
O vício dos telemóveis
Paremos agora de falar de números e falemos de pessoas. Um dos principais choques que senti quando cheguei a Shanghai deu-se ao ver a enorme quantidade de pessoas que fica "agarrada" ao telemóvel. Sim, podem dizer que isso também se verifica em Portugal ou noutro país ocidental mas, aqui, o termo “estar colado ao telemóvel” é quase literal, pois as pessoas estão ativamente a olhar e a usar o telemóvel a toda a hora, estejam a andar, no metro ou a comer uma refeição.
Os gigantes dos vídeojogos
Na China há centenas e centenas de empresas que publicam videojogos, mas há duas que se destacam: Tencent e NetEase. A Tencent publicou jogos como King of Glory (KoG) após a empresa ter adquirido a Riot Games (em Dezembro de 2015), que é a criadora de um dos jogos de computadores mais conhecidos até à atualidade, o League of Legends (LoL). O KoG é uma versão mobile, baseada no LoL, criada especificamente para os chineses. Posteriormente, foi criada uma versão internacional com o nome Arena of Valor (AoV). Outro jogo muito famoso publicado pela Tencent é a versão mobile do famoso multiplayer battle royale PUBG (Player Unkown’s Battlegrounds).
A NetEase, por seu lado, tem jogos como o Knives Out, um multiplayer battle royale que ganhou uma grande fama no Japão. Tem ainda o Onmyoji, um jogo turn-based, para além de ser responsável pela divulgação do World of Warcraft.
Durante o estágio na Gamebau, fui aprendendo como um publisher de jogos opera e que um dos objetivos, para além de encontrar novos parceiros e publicar novos jogos, consiste em manter/aumentar o número de jogadores, para que a economia do jogo fique equilibrada.
Uma das principais fontes de receita do setor traduz-se nas micro transações dentro do jogo, sendo possível comprar novos e mais fortes equipamentos, novas personagens ou até mesmo novas skins para as personagens, só para permitir que os jogadores se destaquem em relação aos outros.
Para manter o interesse dos jogadores é necessário criar planos de ação em que se introduzem novas funcionalidades ou eventos especiais, nos quais o jogador poderá comprar novos acessórios, equipamentos, personagens e skins com descontos e durante um tempo limitado.
A China tem, pois, um potencial enorme neste setor. Porém, entrar no mercado não é tarefa fácil. Existe uma grande quantidade de normas e restrições impostas pelo Governo que têm de ser seguidas.
Contudo, depois de obtida a respetiva aprovação, existe um enorme mundo de jogadores ávidos à espera.
Imagem de destaque: Shivam Maurya